Livro ‘O bom do Alzheimer’ por Claudia Alves

Livro / eBook – O bom do Alzheimer: Como a doença da minha mãe foi a nossa cura

Escrito por: Claudia Alves

Li O bom do Alzheimer, de Claudia Alves, movido pela curiosidade de entender como uma doença tão devastadora poderia ser abordada sob uma perspectiva positiva.

O título já me intrigava, e o subtítulo – Como a doença da minha mãe foi a nossa cura – deixou claro que esta não era apenas mais uma narrativa sobre os desafios do Alzheimer. Era um convite a reimaginar o que significa cuidar, amar e reconstruir vínculos em meio à perda.

Claudia Alves, criadora do canal O bom do Alzheimer, que já alcança mais de 1 milhão de seguidores, compartilha nesta obra uma jornada profundamente íntima. Quando sua mãe, Francisca, foi diagnosticada com Alzheimer aos 76 anos, Claudia não apenas enfrentou o impacto da doença – ela decidiu transformá-lo em uma oportunidade de cura emocional.

O que mais me marcou ao longo da leitura foi a honestidade com que a autora descreve os anos de convivência com a mãe antes da doença. Uma relação distante, repleta de silêncios, mágoas não resolvidas e uma ausência quase completa de afeto. Claudia não romantiza essa fase; ao contrário, reconhece com maturidade a dureza do passado, o que só torna mais poderoso o processo de reconexão que o Alzheimer acabou provocando.

Ao ver a memória da mãe se apagar, Claudia encontrou um espaço para construir algo novo. Esse novo laço – baseado na paciência, no toque, no olhar e na presença – é o verdadeiro coração do livro. E é aqui que O bom do Alzheimer se destaca de outras obras sobre o tema. Não é um manual técnico, nem tampouco um relato trágico. É um guia afetivo, repleto de ensinamentos práticos e reflexões sobre o poder transformador do amor em contextos extremos.

O livro é um sopro de empatia em meio ao medo que muitas famílias vivem diante do diagnóstico de Alzheimer. Ao invés de reforçar apenas os desafios, Claudia compartilha um “método de cuidado amoroso” que tem ajudado milhares de pessoas a conviverem com mais dignidade e serenidade junto a seus entes queridos.

Como escritor, fui tocado pela fluidez da narrativa e pela forma como a autora equilibra emoção e objetividade. Ela não foge das dores – há perdas, momentos de exaustão e frustrações descritas sem filtros – mas sempre aponta um caminho possível. Um caminho onde a convivência com o Alzheimer não precisa ser apenas sofrimento, mas também pode ser um terreno fértil para reencontros emocionais.

Se você busca um livro sobre Alzheimer que vá além das informações clínicas e traga uma perspectiva real, humana e transformadora, esta leitura é indispensável. O bom do Alzheimer não promete soluções milagrosas, mas oferece algo ainda mais raro: esperança. Esperança de que, mesmo diante da perda da memória, ainda seja possível criar lembranças afetivas.

Esperança de que a cura, muitas vezes, esteja na reconstrução do amor.