Livro ‘Diário do fim do amor’ por Ingrid Fagundez

Livro / eBook – Diário do fim do amor escrito por Ingrid Fagundez

Quando li Diário do fim do amor, de Ingrid Fagundez, senti algo raro: uma fusão entre a experiência íntima e o olhar crítico da pesquisadora. É um livro que não apenas fala sobre dor — ele a molda com palavras, tornando o sofrimento matéria-prima para um diálogo profundo sobre escrita, identidade e resistência.

Fagundez investiga o papel dos diários íntimos na história da literatura, especialmente quando escritos por mulheres, mas faz isso de dentro — como quem também está com a caneta na mão, sangrando verdades nas páginas. Esse duplo movimento — teoria e prática — é o que torna o livro tão potente. A autora não apenas analisa os cadernos de Sylvia Plath, Virginia Woolf ou Susan Sontag; ela se escreve junto a elas. E isso é revolucionário.

Historicamente, o gênero diarístico foi relegado ao universo privado, e por isso mesmo, associado à literatura feminina. No entanto, o que Fagundez nos mostra é que, longe de ser uma limitação, esse espaço íntimo foi uma forma de subversão. Impedidas de publicar ou de se expressar em esferas públicas, muitas mulheres fizeram do diário uma trincheira.

Nesse sentido, a autora reconstrói o valor dos diários como ferramentas políticas e criativas. Mais do que confissões, eles são testemunhos — de amor, de ruptura, de construção de si. E o mais comovente: são documentos da luta constante das mulheres para se autorizarem como escritoras.

Ao narrar o próprio término amoroso, Fagundez nos convida a uma jornada de autoconhecimento que escapa da autoficção rasa. Ela não está interessada em exposição; está em busca de sentido. E é nessa busca que o leitor se encontra, porque quem nunca precisou reescrever a própria dor para sobreviver a ela?

A escrita como cura é um dos eixos mais fortes do livro. Mas não é uma cura ingênua. É uma cura crítica, que entende que a dor tem contexto, tem gênero, tem história. Ao intercalar suas reflexões com os escritos de grandes autoras, Fagundez amplia a dimensão do que, à primeira vista, seria apenas um diário sobre o fim de um relacionamento.

Recomendo Diário do fim do amor não só para quem aprecia literatura escrita por mulheres, mas para todo leitor interessado no poder da palavra como ferramenta de transformação. É uma obra que desafia categorias — está entre o ensaio, a autobiografia e a crítica literária. Mas, acima de tudo, é um convite corajoso para pensar: o que há de político naquilo que sentimos?

Para quem busca um livro que alia teoria, emoção e escrita potente, este é um dos lançamentos mais relevantes da literatura contemporânea brasileira.

 

Autor: Ingrid Fagundez
Editora: Fósforo Editora
Publicação: 1ª edição (10 março 2025)
Páginas: 216
ASIN: B0DXT4X8CY
ISBN-10: 6560000818
ISBN-13: 978-6560000810

Descrição

Diário do fim do amor, de Ingrid Fagundez, é uma obra que combina ensaio, crítica literária e relato pessoal para refletir sobre o papel dos diários íntimos na literatura feminina. A autora analisa os escritos de grandes nomes como Sylvia Plath, Virginia Woolf e Susan Sontag, enquanto compartilha entradas do próprio diário, escrito durante o fim de um relacionamento amoroso.

Mais do que uma narrativa sobre perdas, o livro investiga como o diário se transformou em espaço de criação, resistência e reconstrução identitária para mulheres escritoras. Fagundez resgata a importância histórica da escrita diarística e a reposiciona como ferramenta de cura e expressão profunda.

Com uma linguagem envolvente e uma abordagem crítica sensível, Diário do fim do amor é uma leitura essencial para quem se interessa por literatura autobiográfica, crítica feminista e escrita de mulheres. É um livro que emociona e provoca, mostrando como o íntimo pode conter a imensidão do mundo.

Ideal para leitores que buscam obras intensas e reflexivas, esta estreia de Ingrid Fagundez confirma o diário como um gênero literário de valor, onde o fim do amor é também o começo de uma nova voz.

Sobre o Autor

Ingrid Fagundez é jornalista, pesquisadora e professora, com foco em literatura, feminismo e escrita autobiográfica. Atua no campo acadêmico e cultural, explorando a interseção entre gênero, linguagem e subjetividade.

Diário do fim do amor marca sua estreia na literatura, reunindo teoria e experiência pessoal em uma obra que questiona e reinventa o papel da escrita íntima na trajetória das mulheres.